O Brasil conta atualmente com cerca de 16.880 pontos públicos e semipúblicos de recarga para veículos elétricos, segundo levantamento de 2025 da Tupi Mobilidade em parceria com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Apesar do crescimento, a rede teve aumento de 14% entre fevereiro e agosto de 2025, a maioria dos carregadores instalados ainda é do tipo lento (corrente alternada, AC), com recargas que levam várias horas.
Para Rodrigo Borges Torrealba, CEO da MotoX, as motos elétricas, cujo potencial de mobilidade urbana e entrega urbana é alto, essa realidade pode comprometer a viabilidade no dia a dia, especialmente para quem não tem acesso fácil a recarga doméstica.
Rede técnica, recarga rápida e logística precisam andar juntos
Empresário do setor, Rodrigo afirma que a expansão da frota elétrica exige, além da ampliação dos pontos de recarga, uma rede técnica especializada e soluções logísticas compatíveis com o ritmo do usuário. “Não adianta ter muitas motos elétricas se não houver estrutura confiável de recarga e manutenção. É preciso infraestrutura urbana, parcerias e padronização de serviços”.
Para ele, as prioridades incluem:
- Aumento da oferta de carregadores rápidos (DC), essenciais para quem roda muito.
- Padronização e certificação técnica de oficinas e serviços de manutenção.
- Integração com frotas de delivery, condomínios, centros logísticos e empresas, de modo a facilitar recarga e troca de baterias.
Soluções práticas: da recarga em condomínios a estações de troca de bateria
Entre as estratégias apontadas pelo especialista estão:
- Instalação de pontos de recarga em condomínios residenciais e empresariais: isso reduz a dependência de eletropostos públicos e facilita o acesso diário à energia.
- Parcerias público-privadas e estímulo à instalação de “eletropostos” em bairros periféricos, não apenas grandes centros urbanos, para atender frotas de entregadores e usuários nas periferias.
- Modelos de assinatura ou aluguel de baterias: ao reduzir o custo inicial e facilitar a reposição, aumentam a atratividade das motos elétricas para uso urbano e comercial.
- Criação de redes de oficinas certificadas para manutenção elétrica e troca de componentes: reforçando a confiança no pós-venda, ponto fundamental para adoção em escala.
Estas medidas, segundo o empresário, podem tornar o uso da moto elétrica competitivo mesmo em mercados emergentes ou periféricos, onde infraestrutura tradicional ainda é deficiente.
Desafios estruturais e a urgência de políticas para o setor
Relatórios recentes sobre mobilidade elétrica apontam que, para que a transição aconteça em larga escala, é necessário superar barreiras estruturais como custo de instalação de estações, carga da rede elétrica, e desigualdade regional na oferta de recarga, desafios também válidos para motos elétricas.
Rodrigo alerta que incentivos regulatórios, subsídios à instalação de eletropostos e inclusão da mobilidade elétrica em planos de desenvolvimento urbano seriam medidas fundamentais para acelerar a adoção. Segundo ele: “Sem políticas claras e colaboração entre poder público e iniciativa privada, a expansão será lenta e concentrada apenas nos grandes centros”.
Sobre Rodrigo Borges Torrealba

Rodrigo Borges Torrealba é CEO da MotoX Comércio de Motos Ltda desde 2008. Formado em Administração, possui MBAs em Administração de Negócios Marítimos e em Administração Financeira, realizados durante sua trajetória na Cia Paulista de Comércio Marítimo. Atuou em funções administrativas e comerciais, incluindo o cargo de Diretor Comercial para a Europa, o que lhe proporcionou experiência em operações e comércio internacional. À frente da MotoX, conduz iniciativas voltadas à modernização da linha de produtos, ao atendimento técnico e à incorporação de práticas alinhadas à agenda ESG no setor de duas rodas no Brasil.
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