Relógios icônicos de São Paulo contam histórias da maior metrópole do país, o que inclui a peça mais antiga da capital, que fica na Faculdade de Direito do Largo São Francisco
Nesta terça-feira (25), a cidade de São Paulo completou 468 anos de vida e muita história para contar. E como parte da capital paulista, há diversos relógios icônicos. Neste artigo, você conhecerá cada um deles.
Relógios icônicos de São Paulo
Segundo o historiador João Paulo Pimenta, professor do Departamento de História da FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo):
“Essas peças são ecos de um passado que insiste em permanecer, ainda que [os relógios] estejam eventualmente quebrados ou escondidos na paisagem.”
Entre os relógios icônicos de São Paulo, o mais antigo deles é o que está instalado na Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, região central da cidade.
E o responsável por sua manutenção é Augusto Fiorelli, 62. Ele também cuida da conservação de outros relógios públicos. Diz que aprendeu o ofício com seu avô e que desde adolescente atua com essas grandes peças.
Ele confessa que é “um trabalho gratificante”, mas admite que é uma “pena que alguns estejam parados ou sucateados, como o relógio da praça da Sé”.
Relógio do Largo São Francisco
Ainda sobre o primeiro grande relógio da cidade, ele é mantido em sua versão original e apresenta o numeral romano IIII, em vez da tradicional forma IV.
Conjunto Nacional
Já na avenida Paulista, um dos símbolos é o relógio digital que ocupa o topo do Conjunto Nacional. Ele foi instalado no começo da década de 1960, acompanhado de um painel luminoso que já exibiu marcas de empresas e bancos.
Além disso, o equipamento foi reformado e recebeu um sistema moderno. E passou a ser controlado por computador e passou a exibir também a temperatura.
Mappin
Outro equipamento histórico está instalado na fachada do edifício em que ficava a extinta loja de departamentos Mappin. O relógio data de 1920, quando a loja ficava na praça do Patriarca. No início, ele dava as horas em algarismos romanos.
Em 1939, a peça acompanhou a mudança da loja para a praça Ramos de Azevedo, e ganhou um mostrador com algarismos arábicos.
Paróquia São João Batista do Brás
Já o relógio que ocupa a torre da Paróquia São João Batista do Brás foi produzido na década de 1930 pela Michelini, empresa familiar que criava relógios de torre e de fachada.
Fundada em 1908, a igreja serviu como ponto de assistência social à comunidade durante a epidemia de gripe espanhola, em 1918. À época, a doença deixou em torno de 5.000 mortos na cidade.
Além disso, a paróquia abrigou também atividades de sindicatos durante a ditadura (1964-1985), tornando-se símbolo de resistência e de apoio à luta operária.
Último remanescente dos relógios icônicos de São Paulo
E o último relógio remanescente encontra-se na praça Antônio Prado, no centro. Ele integra uma série de peças criadas em 1935 pelo publicitário Octávio De Nichile, conhecidos como relógios de Nichile.
O objeto, que tem espaços para a exibição de propaganda na estrutura que sustenta o relógio, foi considerado inovador para a época.
Quem cuida da manutenção do equipamento é o filho de seu criador, o jornalista Gilberto de Nichile.
Instalado na torre da estação da Luz em meados da década de 1950, o relógio substituiu o modelo anterior, uma peça inglesa destruída por um incêndio em 1946.
Em 2006, parte da estação foi remodelada para abrigar o Museu da Língua Portuguesa.
Passeio
Aos finais de semana, quem vai ao local pode observar a torre do relógio mais de perto, em uma visita guiada que percorre um dos terraços do prédio histórico.
O passeio é realizado aos sábados e domingos em duas opções de horário, às 11h e às 15h, e não é preciso agendar.
*Foto: Reprodução