A cerca de 450 quilômetros da capital paulista, Olímpia deixou de ser apenas uma cidade do interior para se consolidar como destino nacional de férias em família. O principal responsável por essa virada atende pelo nome de Thermas dos Laranjais, parque aquático que hoje figura como o segundo mais visitado do mundo, atrás apenas do Chimelong Water Park, na China.
O reconhecimento não se apoia apenas em campanhas publicitárias. Em 2023, o parque se aproximou da marca de 2 milhões de visitantes, desempenho que o colocou à frente de complexos internacionais tradicionais do entretenimento aquático e reposicionou Olímpia no mapa do turismo global.
De clube social a referência internacional
A trajetória do Thermas começou em 1987, quando a estrutura ainda funcionava como um clube de perfil local. Naquele período, Olímpia vivia os últimos anos de destaque da citricultura, atividade que sustentava boa parte da economia regional.
A mudança de rumo ocorreu com a descoberta de águas termais na região. A partir dali, o espaço passou a explorar piscinas naturalmente aquecidas e encontrou uma vocação turística que cresceu em ritmo acelerado junto com a cidade. Hoje, o parque opera diariamente, reúne mais de 60 atrações e se apresenta como um destino capaz de atender tanto quem faz um bate-volta quanto famílias que permanecem vários dias.
Nações muda o horizonte urbano de Olímpia
A aposta mais recente atende pelo nome de Nações. Inaugurado com investimento anunciado de R$ 60 milhões, o complexo foi projetado para se tornar um novo cartão-postal da cidade. A estrutura chega a 33 metros de altura e utiliza tecnologia de uma fabricante canadense especializada em atrações aquáticas.
O conjunto reúne oito experiências distribuídas em duas grandes descidas temáticas, batizadas de Brasil e Itália. Entre os destaques estão o Anaconda, toboágua de grande diâmetro que antes era exclusivo de Dubai, e o Orbiter, atração que simula um quase looping com boia. A descida Itália também carrega um componente simbólico, concebida como homenagem ao fundador Benito Benatti, personagem central na consolidação do parque.
Gestão conservadora e operação eficiente
O crescimento do Thermas não se explica apenas pela inauguração de novas atrações. Internamente, o parque é citado como exemplo de gestão conservadora no controle de gastos, combinada com ousadia na produção de soluções próprias. Em fases iniciais, chegou a internalizar etapas como a fabricação de boias para garantir eficiência operacional.
Outro diferencial está na política de preços praticados internamente. A estratégia busca evitar a imagem de armadilha turística, mantendo valores próximos aos da cidade e apostando na fidelização pelo conjunto da experiência oferecida ao visitante.
No campo do emprego, o modelo também foge do padrão sazonal. O Thermas mantém cerca de 560 funcionários permanentes, reduzindo a rotatividade comum em empreendimentos turísticos dependentes de alta e baixa temporada.
Pandemia, caixa e retomada acelerada
Durante a pandemia, o parque permaneceu fechado por oito meses. Ainda assim, a direção afirma que não houve demissões. Para sustentar a folha de pagamento, foi utilizado um caixa acumulado estimado em cerca de R$ 20 milhões.
A decisão teve custo elevado, mas preservou equipes treinadas e permitiu uma retomada mais rápida quando o turismo voltou a ganhar fôlego. O episódio reforçou internamente a importância de planejamento financeiro e visão de longo prazo.
Novo parque e investimentos bilionários no radar
A lógica do setor de entretenimento é direta: sem inovação constante, o público deixa de voltar. Essa percepção orienta os próximos passos do grupo. O presidente Jorge Noronha costuma resumir a estratégia ao afirmar que, sem novidades, o visitante não retorna.
O plano atual envolve a construção de um segundo parque em uma área três vezes maior que a atual. O projeto prevê foco em água e experiências integradas à natureza, como tirolesa e arvorismo, além de investimentos superiores a R$ 300 milhões até o fim da década. A ideia é interligar os espaços por uma área comum, em modelo semelhante ao de grandes complexos internacionais.
Impacto no turismo do interior paulista
Para quem vive na capital, o Thermas dos Laranjais funciona como um lembrete de que não é preciso atravessar o país para encontrar um destino de padrão internacional. Olímpia, que já foi conhecida como cidade da laranja, hoje sustenta um calendário turístico intenso, rede hoteleira em expansão e um parque que disputa atenção com players globais.
Serviço para planejar a visita
O parque fica em Olímpia, no interior de São Paulo, a cerca de 438 a 450 quilômetros da capital, dependendo da rota. Os ingressos variam conforme data e lote, sendo recomendável consultar o site oficial antes da viagem. Por contar com águas aquecidas, o funcionamento é adequado ao longo de todo o ano, com diferenças mais perceptíveis no volume de público do que na temperatura.
No fim das contas, o Thermas dos Laranjais opera como um motor em movimento contínuo. Assim como a água conduz o visitante por curvas e quedas, o parque reinveste o próprio faturamento para criar novas experiências e manter o fluxo turístico sempre em alta.
Fonte: Gazeta de São Paulo
Foto: https://br.freepik.com/imagem-ia-gratis/vista-do-parque-aquatico-no-verao_133522196.htm









