Sócio-fundador da Angra Partners, Guth direciona recursos para a Bioma Genetics e aposta na inovação como caminho para transformar a medicina preventiva no país
De acordo com dados da Grand View Research, o mercado global de biotecnologia deve ultrapassar a casa dos US$3,88 trilhões até o ano de 2030. No Brasil, o setor ainda está engatinhando, mas já movimenta bilhões de reais em áreas que vão do diagnóstico à farmacêutica. Entre as áreas com maior potencial de crescimento estão os testes genéticos, capazes de antecipar diagnósticos e personalizar tratamentos, ampliando o alcance da medicina preventiva.
É nesse contexto que o investidor Alberto Guth, sócio-fundador da Angra Partners, decidiu apostar. Com mais de 20 anos de trajetória no mercado financeiro, Guth vem direcionando sua gestora para ativos de impacto e anunciou, recentemente, o aporte na Bioma Genetics, empresa brasileira que desenvolve soluções em genômica.
Por que apostar em genética
O mercado global de testes genéticos deve crescer, em média, 11% ao ano até 2027, de acordo com a consultoria Markets and Markets. O avanço é impulsionado, sobretudo, pela redução dos custos de sequenciamento e pela demanda cada vez maior por diagnósticos mais precisos.
Para Guth, a entrada nesse segmento é estratégica. “O que vimos na Bioma foi a combinação de inovação própria, gestão financeira sólida e potencial de crescimento”, afirma o investidor.
Angra Partners e a inovação em saúde
Fundada em 2003, a Angra Partners construiu reputação em operações de private equity, reestruturações financeiras e fusões e aquisições. Sob liderança de Alberto Guth, a gestora esteve à frente de negociações complexas que marcaram o mercado brasileiro nas últimas duas décadas.
Formado em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e com MBA pela Wharton Business School, Guth iniciou a carreira na Esso Brasileira, onde trabalhou por quase uma década. Em seguida, foi sócio da Investidor Profissional, uma das pioneiras em gestão de recursos no país. Essa trajetória lhe deu base para fundar a Angra, com a proposta de unir visão estratégica e rigor na análise de investimentos.
Agora, ao mirar a biotecnologia, o empresário sinaliza um movimento de diversificação: sair de setores tradicionais e abraçar áreas de alto potencial tecnológico.
Biotecnologia em expansão e o diferencial da Bioma Genetics
Fundada por pesquisadores brasileiros, a Bioma Genetics atua na oferta de testes genéticos voltados para a medicina preventiva. A empresa se destaca por desenvolver tecnologia própria, manter uma operação rentável e apresentar modelo de negócios escalável, características que pesaram na decisão da Angra Partners.
Segundo a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o Brasil possui cerca de 420 startups de biotecnologia, a maioria em estágios iniciais e voltada para pesquisa e desenvolvimento. Poucas conseguem alcançar escala suficiente para atrair grandes aportes, o que torna o caso da Bioma ainda mais relevante.
O crescimento da biotecnologia no país depende da combinação de capital, infraestrutura laboratorial e políticas de incentivo à inovação. A entrada de fundos privados, como o da Angra Partners, é vista como um sinal de maturidade do setor.
O impacto para a saúde brasileira
O avanço dos testes genéticos tem o potencial de alterar profundamente o sistema de saúde. Eles permitem identificar predisposições a doenças, orientar tratamentos personalizados e reduzir custos de terapias ineficazes. Para um país com sistema público de saúde robusto, mas pressionado por orçamento, a difusão dessas tecnologias pode representar ganhos de eficiência e qualidade.
Para Alberto Guth, essa agenda é prioridade, uma vez que a genética pode redefinir o paradigma da medicina preventiva no Brasil, quanto antes os riscos forem identificados, maiores são as chances de tratar doenças de forma eficaz e com menor custo.
O aporte na Bioma Genetics é apenas o começo da estratégia da Angra Partners de se aproximar de setores de alto impacto tecnológico. O movimento reflete uma leitura de longo prazo: saúde, ciência e inovação, três pilares que tendem a ocupar cada vez mais espaço na agenda de investidores.
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